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Gente Comum – Uma História na PIDE
O LIVRO
Pouco depois de aderir ao MRPP, em 1972, na sequência do brutal assassinato pela PIDE do camarada de curso José António Ribeiro Santos, Aurora Rodrigues é detida pela polícia política e levada para a prisão de Caxias, onde será barbaramente torturada durante três meses. A então jovem de 21 anos esteve impedida de dormir cerca de 450 horas; em paralelo, sofreu espancamentos e passou por várias práticas de tortura, tendo o apoio de familiares e amigos e a memória do camarada Ribeiro Santos sido fundamentais para resistir às atrocidades a que foi submetida.
Libertada, vive a Revolução de forma intensa, envolvendo-se mais profundamente no trabalho partidário até ser de novo detida com várias centenas de camaradas, desta vez por iniciativa do COPCON. Nunca baixando os braços e olhando os torcionários de frente, escreve Gente Comum – Uma História na PIDE, um relato de grande coragem de uma mulher que lutou intensa e corajosamente pelos seus ideais.
AURORA RODRIGUES
Nasceu em Vale da Azinheira, Mina de São Domingos, em 1952. Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1972 aderiu ao MRPP, partido de que foi militante até 1977. Pelo meio, conheceu as prisões da PIDE e a tortura – primeiro como militante antifascista; depois, em 1975, a mando do COPCON, desconhecendo ainda hoje as razões da sua prisão.
Entre inúmeros cargos que desempenhou, foi presidente da Distrital de Évora do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e integra os corpos sociais da Associação Portuguesa de Mulheres Juristas. Actualmente, é magistrada do Ministério Público jubilada, tendo exercido funções em Alcácer do Sal, Santarém e Évora, onde reside.
AURORA CONHECEU AS MASMORRAS DE CAXIAS EM DUAS OCASIÕES, ANTES E DEPOIS DO 25 DE ABRIL (…). RESOLVEU CONTAR. PRECISAVA DE O FAZER, PORQUE HÁ DEVERES DE MEMÓRIA, PARA QUE NÃO SE CONSTRUA SOBRE O ESQUECIMENTO UMA SOCIEDADE COMUM, PARA QUE NÃO SE DESBARATE A DIMENSÃO DA ESFERA PÚBLICA E PARA QUE NÃO SE PERCA O SABOR DA VIDA.
PAULA GODINHO, IN INTRODUÇÃO

Grito de Liberdade na Rua da Cale
O LIVRO
Estimado leitor, tem em mãos um livro sobre o malogro português. De novo, Manuel da Silva Ramos reincide a questionar o país, agora através de uma narrativa que liga três tempos históricos. O que une um falsário do século XVIII, que copiou as notas do Erário Régio, uma dona de um bordel, que legou parte da sua fortuna aos pobres, mas que que não foi tomada em conta quando se abriram as suas disposições testamentárias, e três artistas com dificuldades em impor a sua criação e verem reconhecidos os seus talentos? A insanidade mental portuguesa, que através das tetas da Nação tem alimentado os medíocres e os oportunistas rebocados.
Com a acção a desenrolar-se numa cidade do interior, Grito de Liberdade na Rua da Cale assume um cunho universal, que relata não apenas a liberdade, mas também a condição humana, aqui presa, amordaçada, desprezada. Político, poético e frontal, com gravidade e humor, um grande livro de um escritor sem medo – Manuel da Silva Ramos.
MANUEL DA SILVA RAMOS
Nasceu na Covilhã, em 1947. Em 1966, para fugir à pobreza do interior e estudar Direito, viajou até Lisboa. Quatro anos depois, exilou-se em França, onde estaria durante quase três décadas.
Em 1969, com apenas 21, anos ganhou o Prémio de Novelística Almeida Garrett, unanimemente atribuído por um júri composto por Óscar Lopes, Mário Sacramento e Eduardo Prado Coelho. É autor de mais de três dezenas de obras, publicadas em diversos países.
O PORTADOR ERA O CRIADO DO DESEMBARGADOR DO FUNDÃO, VAZ DE CARVALHO, QUE TINHA ENTRADA NA CORTE. PORÉM, HOUVE UM ASSALTO À DILIGÊNCIA, PERTO DE SANTARÉM, E OS LADRÕES APODERARAM‑SE DA ENCOMENDA. O CHEFE DOS FACÍNORAS, UM TALHANTE DE ABRANTES, COMEÇOU A PARTIR DESSE INSTANTE A ASSALTAR DILIGENCIAS VESTIDO A RIGOR. CHAMAVAM‑LHE O REGENTE DAS CARROÇAS, ATÉ QUE FOI PRESO PELA POLÍCIA E CONDUZIDO AO LIMOEIRO. FOI AQUI QUE O VIM ENCONTRAR…



